Coloquei o meu vestido novo, minha tia prendeu meus cabelos com uma flor vermelha e meus sapatos eram brancos com laço de cetim. Todos diziam que eu estava linda, eu também achava. Chegou a hora de cortar o bolo: cantamos parabéns e depois das fotos eu estava liberada para brincar com meus colegas.
Começamos a brincadeira de pique-esconde. Já era noite, então ficava mais gostoso, pois seria mais difícil alguém me encontrar. Eu me achava muito esperta em esconderijos. Como morava em um sítio, eu tinha muitas opções. Minha mãe sabia que eu gostava muito de me esconder, às vezes até me ajudava a encontrar alguns esconderijos.
Mas nesse dia foi diferente, foi quando começou o meu tormento. Um, dois, três, quatro... Contava Dora para vir nos procurar. Mais do que depressa fui para meu lugar atrás da casa do caseiro, que já estava sem ninguém há um ano, pois ele voltara para sua terra natal e meu pai ainda não havia encontrado outro para assumir o seu lugar.
Fiquei lá atrás, bem quietinha, sem fazer nenhum barulho. De repente, ouvi o nosso vizinho, o Tony, que sempre brincava comigo, me chamar. Disse que tinha algo para me mostrar. Como ele sempre foi muito carinhoso comigo, me dava presentes e doces, e era amigo do meu pai, achei que não tinha nenhum problema. Ele me levou para dentro da casa do caseiro e eu falei:
– Tony, essa casa está vazia e cheira mal, quero voltar para brincar com meus amigos.
Ele me pegou pelo braço com toda força, tapou minha boca com sua mão enorme e disse:
– Se contar o que está acontecendo aqui, eu mato sua mãe!
Pensei: “Minha mãe, não, meu Deus! Minha mãezinha, não! Não posso deixar! O que eu faço? Não posso gritar e não tenho a força que ele tem!”
By Meuri
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