DÉCIMO QUARTO CAPÍTULO (REI DAVI)

O MANTO CORTADO (Curiosidade)

Em uma caverna remota, em algum ponto da terras áridas e desoladas de Israel, Davi e Saul estiveram no mesmo lugar ao mesmo tempo, mas somente um deles o soube.

Primeiro vamos esboçar o cenário desse estranho encontro. Com o crescimento da popularidade de Davi, depois de ter ele matado Golias, a inveja de Saul se intensificou até a sua majestade já não suportar ouvir o nome do filho de Jessé sem ter um ataque de fúria. Saul partiu com três mil soldados no encalço deste último, para matá-lo. Entrementes, Davi, agora um fugitivo procurado, reunira em torno de si cerca de outros quatrocentos proscritos.

Com o agravar das tensões, Davi fugiu para o deserto, e Saul o perseguia. Certo dia, o caçador chegou perto da sua presa, mas sem o saber. Para escapar às patrulhas de Saul, cada vez mais próximas, Davi e seus homens esconderam-se em uma caverna. Então, seguindo os ditames da sorte e das necessidades fisiológicas, Saul cavalgou morro acima, chegando bem à entrada da caverna. E entrou (talvez  os reis devessem fazer suas necessidades fisiológicas em público). Enquanto o rei ainda estava lá, Davi conseguiu aproximar-se dele o suficiente para cortar a borda do manto real.

Mas porque Davi simplesmente não acabou ali mesmo com o tirano que tornava sua vida tão difícil? Por acaso o grande profeta Samuel já não havia ungido Davi como próximo rei da Israel? Seus homens o incentivaram a agir com decisão. A matar Saul e ocupar o trono! Ele se recusou, pois tinha ele grande respeito pelo posto de Saul, se não pelo homem em si. O filho de Jessé acreditava que Deus havia colocado Saul no trono e que resistir à vontade dEle era coisa grave.

Depois do rei deixar a caverna, Davi sentiu-se sem jeito e arrependido, pois o havia humilhado ao cortar a borda do manto real. Ele sabia que poderia ter matado o homem que queria matá-lo, mas ficou contente por ter preferido refrear-se. Assim, enquanto Saul ainda estava perto o suficiente para ouvi-lo, Davi bradou um pedido de desculpas do outro lado do vale, e Saul respondeu com outro pedido de desculpas. Um encontro acidental parece ter sido a base de uma hesitante trégua.

Mas, ainda assim, podemos nos perguntar: Como é que esses inimigos foram parar na mesma caverna, no meio do deserto de En-gedi, ficando a centímetros um do outro? E ainda mais incrível: Por que Saul nem se quer notou?

Para saber mais sobre esse estranho encontro, leia I Samuel 24.

Pela fé.