terça-feira, 22 de maio de 2012

ENSAIO DE UMA NOIVA - PARTE 1






"A insônia após a balada"





Laura é uma jovem que terminou o seu noivado com um homem admirável. Ela nem sabe o motivo dessa decisão, tampouco compreende que o distanciamento foi acontecendo aos poucos, e de forma tão delicada, que, quando percebe, já se encontra longe demais dele. Laura passa a querer preencher essa falta, mas a sua tristeza, no fundo, é saber que o seu amor não está nos lugares onde procura. O dilema de Laura é tentar reencontrar o seu amado, que um dia foi desprezado, e que ela teme agora rejeitá-la.


Hoje eu acordei mais cedo que os outros dias. Não sei bem o que está acontecendo, mas não é de agora que não consigo ao menos dormir bem. Aliás, esse tem sido um dos meus dilemas. Acordo no meio da noite e não consigo mais sonhar. Está tudo escuro, e o meu receio parece sempre se concretizar.

Até saí com alguns amigos, dias atrás. Fui com a minha prima a uma balada de final de semana. O lugar parecia interessante. Havia muitos garotos e moças bem vestidas, mas o meu espírito não estava muito para curtição. Eu até queria conhecer outras pessoas, interagir, mas minha prima tomava a atenção de todos para si. Também, com aquele vestido preto - que na verdade era um top de outra prima -, fazia toda a diferença nos olhares dos demais. Eu fiquei de longe. Percebi que não eram para ela que olhavam, mas para o seu corpo – o seu lindo corpo escultural de mulata legitimamente brasileira.



Bia, porém, estava tão empolgada que nem percebia os olhares mais indiscretos. Ou será que percebia e não ligava? Bem, não sei, mas certamente conseguimos conhecer várias pessoas. E durante a noite toda tudo o que rolava eram alguns goles de álcool e muita dança. Bia parecia à vontade, mas algo dizia que nem tanto.


Parece que é assim, sempre que acho estar bem, rodeada de pessoas aparentemente boas, é como se tudo aquilo fosse uma verdadeira farsa. Tudo uma mentira tão incisiva e milimétrica que fica impossível enxergar a olho nu. Porque é uma mentira que vem de dentro, e por isso, imperceptível.

Quando amanheceu, voltamos para casa. Dormi e acordei mais de meio-dia. Que coisa, nunca havia dormido tanto, eu acho, mas foi uma parte do dia que se foi e não precisei lidar com os meus problemas. Não precisei me justificar, nem lamentar. Apenas dormi. E dormi tanto para descobrir que nos sonhos as mentiras tornam-se verdades.



Mas hoje foi diferente. Nem o sono me quer mais. Seria isso uma espécie de depressão? Não creio, deve ser apenas um vazio mesquinho que logo passará.


Aguarde a continuação...

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